terça-feira, 20 de abril de 2010

Conceito de Turismo

Larissa do Nascimento Alves 


Definição de turista

Na segunda metade do século XVIII, passou a ser normal os jovens aristocratas ingleses fazerem uma viagem a que se chamou a Grand Tour, uma viagem de aproximadamente 3 anos pelo continente europeu com fins educativos.
Desta viagem nasce o termo touriste designando as pessoas que faziam a Tour, introduzido em França por Stendhal nas suas “Mèmoires d’un Touriste”.
Muitas outras línguas adoptaram posteriormente as palavras francesas tourisme e touriste com o sentido restrito de viagem feita sem fim lucrativo, por distracção, repouso ou satisfação da curiosidade de conhecer outros locais e outras pessoas, embora a viagem não fosse encarada como um mero capricho, mas antes uma forma de aprendizagem ou um meio complementar de educação.
De acordo com o conteúdo inicial da expressão, os doentes de uma estancia termal, os comerciantes que visitam uma feira ou uma exposição, ou os crentes que se deslocam à Terra Santa, entre outros, não são turistas.
No entanto, todos eles ao deslocarem-se para fora da sua residência habitual utilizam os mesmos meios, que aqueles que viajam por puro prazer. A única diferença existente entre ambos é a motivação que originou a viagem, porém os efeitos sociais e económicos são idênticos.
Existem quatro elementos que se têm de ter em conta naquela que é a definição moderna do termo turista:
  • Deslocação
  • Residência
  • Duração da permanência
  • Remuneração
A definição de turista não tem sido tarefa fácil em virtude da dificuldade em enquadrar no mesmo conceito realidades, por vezes, muito distintas mas com pontos comuns inseparáveis e gerando fenómenos semelhantes, mas nem sempre produzindo resultados iguais.
Definições de turistas
1937 – Comissão Económica da Sociedade das Nações (SDN) – necessidade de tornar mais comparáveis as estatísticas internacionais e de encontrar variáveis semelhantes.
Turista – toda a pessoa que viaja por uma duração de 24 horas, ou mais, para um país diferente do da sua residência.
Sendo imprecisa e não contemplando a remuneração a Comissão enumerou as categorias de pessoas que deveriam ser consideradas turistas.
1950 – União Internacional dos Organismos Oficiais de Turismo (UIOOT), mais tarde Organização Mundial de Turismo (OMT) – entende que não se justifica a exclusão dos estudantes da definição anterior e passou a incluir no conceito de turista os excursionistas.
1963 – Conferência das Nações Unidas sobre o Turismo e as Viagens Internacionais – adoptou, para fins estatísticos, a definição de visitante.
Visitante – toda a pessoa que se desloca a um país, diferente daquele onde tem a sua residência habitual, desde que aí não exerça uma profissão remunerada.
Esta definição desdobra-se em turistas e excursionistas.
Turistas – os visitantes que permanecem pelo menos 24 horas no país visitado e cujos motivos da viagem podem ser agrupados em: lazer e negócios, razões familiares, missões, reuniões.
Excursionistas – visitantes temporários que permaneçam menos de 24 horas no país visitado
Estas definições das nações Unidas são incompletas pois apenas contemplam o turismo internacional.
1983 – Organização Mundial de Turismo – elabora definição de turismo nacional.
Visitante nacional – toda a pessoa, qualquer que seja a sua nacionalidade, que reside num país e que se desloca a um lugar situado nesse país e cujo motivo principal da visita é diferente do de aí exercer uma actividade remunerada.
Turistas nacionais – visitantes com uma permanência no local visitado, pelo menos de 24 horas mas não superior a um ano e cujos motivos de viagem podem ser agrupados em prazer, férias, desportos ou negócios, visita a parentes e amigos, missão, reunião, conferência, saúde, estudos, religião.
Excursionistas nacionais – visitantes que permanecem no local visitado menos de 24 horas.
Actuais definições da ONU:
Visitante – é toda a pessoa que se desloca temporariamente para fora da sua residência habitual, quer seja no seu próprio país ou no estrangeiro, por uma razão que não seja a de aí exercer uma actividade remunerada.
Turista – é todo o visitante temporário que permanece no local visitado mais de 24 horas.
Excursionista – é todo o visitante temporário que permanece fora da sua residência habitual menos de 24 horas.
Classificações de Turismo
  1. Segundo a origem dos visitantes
Turismo doméstico ou interno – que resulta das deslocações dos residentes de um país, quer tenham a nacionalidade ou não desse país, viajando apenas dentro do próprio país.
Turismo receptor (inbound tourism) – abrange as visitas a um país por não residentes.
Turismo emissor (outboun tourism) – resulta das visitas de residentes de um país a outro ou outros países.
Turismo interior – abrange o turismo realizado dentro das fronteiras de um país e compreende o turismo doméstico e o receptor.
Turismo nacional – refere-se aos movimentos dos residentes de um dado país e compreende o turismo doméstico e emissor.
Turismo internacional – abrange unicamente as deslocações que obrigam atravessar uma fronteira, consiste no turismo receptor adicionado do emissor.
Segundo as repercussões na balança de pagamentos

As entradas de visitantes estrangeiros contribuem par o activo da balança de pagamentos de um país, na medida em que provocam a entrada de divisas. As saídas de residentes nesse país têm um efeito passivo sobre a balança por provocarem a saída de divisas (turismo externo activo e turismo externo passivo).
Turismo de importação – turismo de residentes praticado no estrangeiro (outgoing).
Turismo de exportação – turismo de residentes no estrangeiro praticado no país visitado (incoming).
  1. Segundo a duração da permanência
Turismo de passagem – efectuado apenas pelo período de tempo necessário para se alcançar uma outra localidade ou país, objecto da viagem.
Turismo de permanência – realizado numa localidade ou num país, objectivo da viagem, por um período de tempo variável que, porém, exigirá, pelo menos uma dormida.
Este depende do objectivo da viagem, das condições existentes e características do local visitado (condições naturais, investimentos realizados, capacidade criativa), do país de origem, da duração das férias e das motivações.
  1. Segundo a natureza dos meios utilizados
Segundo as vias utilizadas, podemos distinguir turismo terrestre, náutico e aéreo.
De acordo com os meios utilizados distinguimos o turismo por caminho de ferro, por barco, por ar e por automóvel.
  1. Segundo o grau de liberdade administrativa
Turismo dirigido – se existir regulamentação que limite a liberdade de deslocação dos turistas
Turismo livre – se existir inteira liberdade de movimentos.
Os países emissores, em situações de dificuldade das respectivas balanças de pagamentos ou por razões políticas, podem limitar as saídas dos seus nacionais por vários meios: limitações na aquisição de divisas, lançamento de impostos, obrigação da constituição, prévia à saída do depósito de uma certa quantia de dinheiro, obrigação de vistos, restrições na concessão de passaportes, etc.
Os países emissores também limitam, sobretudo por razões políticas, as entradas de estrangeiros ou as suas deslocações no interior do país.
  1. Segundo a organização da viagem
Turismo individual – quando uma pessoa ou um grupo de pessoas parte para uma viagem cujo progrma é por elas próprias fixado, podendo modificá-lo livremente, com ou sem intervenção de uma agência de viagens.
Turismo colectivo ou de grupo (forfait ou package) – quando um operador turístico ou uma agência de viagens oferece a qualquer pessoa, contra o pagamento de uma importância que cobre a totalidade do programa oferecido, a participação numa viagem para um determinado destino, segundo um programa previamente fixado para todo o grupo.

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